terça-feira, 9 de junho de 2009

Em assembleia histórica, estudantes aprovam greve na Unicamp

Thyago Marão Villela e Natalia Conti, de Campinas (SP)

Estudantes do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas estão em greve desde o dia 3; funcionários da universidade e a Faculdade de Educação também estão parados

No dia 3 de junho, o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp amanheceu em greve. A assembleia realizada no dia anterior contou com mais de 350 estudantes e foi reflexo de um longo processo de discussões que atravessou o semestre. Há muito tempo não acontecia uma assembleia tão grande no que é o maior instituto da universidade.

O debate se iniciou a partir de mais um projeto do governo Serra para a educação superior pública, de outubro de 2008. Trata-se da Univesp – Universidade Virtual do Estado de São Paulo – projeto de parceria e financiamento entre as três estaduais paulistas, Fundação Padre Anchieta e Secretaria Estadual de Ensino Superior, que visa implementar o ensino a distância no quadro destas universidades através de vídeo-aulas na TV Cultura e uma carga reduzida de aulas presenciais.

Nesse marco, um conjunto de estudantes do IFCH fez o chamado para a construção de um Comitê que discutisse criticamente esse decreto, refutando as suas armadilhas “democratizantes”. Com reuniões cada vez mais amplas, o Comitê Univesp incorporou estudantes de outros institutos, dando um salto qualitativo no debate sobre a precarização do trabalho docente e na educação como um todo, frutos de um projeto mais amplo dos governos estadual e Federal.

Mobilização

O pontapé inicial da movimentação na Unicamp foi dado pelos trabalhadores e a Faculdade de Educação, que entraram em greve fortalecendo a possibilidade da expansão do movimento para outros institutos. Tendo em vista a greve dos trabalhadores da Unicamp e dos estudantes da Faculdade de Educação, outras questões entraram em pauta e engrossaram as mobilizações.

São elas: Não à Repressão às mobilizações, pela readmissão do companheiro Brandão – diretor do Sintusp demitido por motivos políticos – e Não à entrada da polícia nas universidades; Contratação de professores e funcionários (considerando a incorporação dos terceirizados ao corpo de funcionários da Unicamp); Não aos Projetos de Lei Complementar 19/20 que precarizam a educação básica e as condições de trabalho dos professores da rede pública estadual; Todo apoio à greve dos trabalhadores da USP e Unicamp!

É importante frisar que nossa greve não pretende somente atender às demandas locais, compreende também a necessidade de construir as mobilizações de forma mais ampla e que só com a organização das lutas é possível transformar nossa realidade!

domingo, 7 de junho de 2009

Assembléia com mais de mil estudantes deflagra greve na USP

Gabriel Casoni, diretor do DCE da USP

Nesta quinta-feira, 4 de maio, os estudantes da Universidade de São Paulo (USP) definiram, em assembleia geral com mais de mil estudantes, entrar em greve por tempo indeterminado. A paralisação foi deflagrada em virtude da ocupação do campus pela polícia militar, ordenada pelo governo estadual de José Serra (PSDB) e pela reitoria.

A greve também é contra o projeto de ensino à distância do governo Serra e por mais verbas pra educação pública, além de defender eleições diretas para reitor. Os estudantes também apoiam a greve dos funcionários e professores.

Derrotar a ocupação militar
A indignação tomou conta dos estudantes, professores e funcionários na segunda-feira, 1 de junho. Serra e a reitoria da USP mandaram a PM ocupar o campus principal. A ação, que repete os atos mais autoritários da ditadura militar, causou comoção na universidade.

Imediatamente, diversos cursos paralisaram as aulas. Ao mesmo tempo, assembleias de cursos iam acontecendo e eram categóricas: votavam greve. Na quinta-feira à tarde, os professores da USP entraram em greve, somando-se aos funcionários parados há mais de 20 dias. À noite, foi a vez dos estudantes.

Na Unesp, vários campi já se encontram em greve. O Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e a Faculdade de Educação da Unicamp também.

Abaixo a Univesp e diretas pra reitor
A greve também tem como objetivo derrotar o projeto de ensino à distância de Serra, chamado de Univesp, que visa substituir o professor em sala por telecursos. Além da luta contra a Univesp, os estudantes da USP iniciam a campanha Diretas Já na USP! A reitoria que manda a PM invadir a USP e implementa o ensino à distância não tem legitimidade pra dirigir a universidade.

Em greve e construindo o Congresso Nacional dos Estudantes
As lutas também devem se unificar nacionalmente. Por isso, quase 30 cursos da USP elegeram delegados ao Congresso Nacional de Estudantes. A representação da USP deve chegar a quase 200 delegados da universidade.

O curso de Letras, por exemplo, em assembleia com mais de 400 estudantes esta semana, votou pela greve e elegeu os delegados ao CNE. As lutas das estaduais paulistas devem ser combinadas com as dos estudantes de todo país. Assim, nossa chance de vitória será maior. Todos ao Congresso Nacional!